Editorial
Edição 153 > Manuela renova o desenvolvimentismo e lidera a defesa da unidade da esquerda
Manuela renova o desenvolvimentismo e lidera a defesa da unidade da esquerda

Princípios apresenta, nesta edição, uma cobertura abrangente da pré-campanha de Manuela d’Ávila, do PCdoB, à Presidência da República. Dá sequência assim às análises que empreende das eleições agendadas para outubro.
Substancialmente, o que salta aos olhos é que Manuela, no elenco das 21 pré-candidaturas existentes, à esquerda e à direita, se distingue por apresentar inovadoramente, na forma e no conteúdo, diretrizes e bandeiras de um projeto de desenvolvimento soberano como caminho para o país adentrar um novo ciclo de prosperidade econômica e progresso social.
Certamente e felizmente, a pré-candidata dos comunistas não é a única a erguer essa bandeira, outras candidaturas também o fazem.
Mas Manuela se vale de ao menos dois diferenciais importantes.
Primeiro. Já em 2009, o seu partido, o PCdoB, empreendeu uma nova síntese de sua elaboração programática, processo pelo qual passou em revista não somente a elaboração estratégica dos comunistas, mas também a própria trajetória do velho e bom nacional-desenvolvimentismo que alçou o Brasil à companhia das nações que estão entre as dez maiores economias do mundo. Disso resultou uma hodierna formulação: lutar, agora e já, por um Novo
Projeto Nacional de Desenvolvimento. Desse modo, a campanha de Manuela usufrui de um labor teórico, político, prático que sua legenda empreende sobre o tema há quase uma década.
Assim, a deputada gaúcha, campeã de votos em seu estado, aponta ser preciso superar os obstáculos e distorções que o “antigo” nacional-desenvolvimentismo, hoje esgotado, não se propôs ou não pôde levar a cabo. Entre eles, Manuela destaca a escassa democracia sujeita a golpes e restrições periódicos; as gigantes desigualdades sociais e regionais; e o domínio direto ou dissimulado do imperialismo. Além de dar respostas às contradições que há no seio do povo brasileiro derivadas das singularidades do processo histórico de formação; entre elas, aquelas que derivam da pesada herança de mais de trezentos anos de escravidão.
Segundo. Manuela imprime ao Programa de seu Partido uma leitura, uma marca singular que vem do vigor, da pujança, de uma mulher que abraçou cedo a luta pela emancipação feminina, que amadureceu como cidadã e militante lutando pelos direitos da juventude de seu país. Com esses atributos,
Manuela consegue dialogar, filtrar e incorporar com eficácia, ao Projeto de Nação, as bandeiras identitárias hoje caras a movimentos sociais e culturais do Brasil. Ao fazê-lo, Manuela agrega força, trabalha para criar um amálgama de gerações, gêneros e classes – com a classe trabalhadora à frente – em torno da luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Manuela adensa e firma sua pré-candidatura e, a par, enfrenta com desenvoltura um dos principais dilemas da esquerda e demais forças progressistas na presente disputa: num quadro de dispersão, como assegurar a presença desse campo político no segundo turno das eleições? Manuela, entre as candidaturas da esquerda, é a que lidera, sem dúvida, a defesa da unidade como caminho da construção da vitória das forças da nação e da classe trabalhadora.
Dada a circunstância de que as eleições se realizam sob a anomalia de um Estado de exceção que sufoca crescentemente o Estado Democrático de Direito, Manuela luta por eleições verdadeiramente livres. Nesse sentido, Manuela é liderança que se destaca na jornada nacional e internacional em curso pela liberdade do ex-presidente Lula, preso arbitrariamente, e pelo direito dele de ser candidatar.
Irrompe-se no cenário da disputa presencial um vento forte e bom de renovação. Numa das mãos, ela segura a bandeira da unidade, na outra, o estandarte de renovado projeto de Nação. Esse vento que veio lá sul do país chama-se Manuela d’Ávila, a terceira candidatura presidencial dos comunistas em quase um século da histórica legenda do PCdoB.
Adalberto Monteiro
Editor