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Edição 147 > Luta de classes: greve geral despertou consciências para o perigo das reformas neoliberais

Luta de classes: greve geral despertou consciências para o perigo das reformas neoliberais

Cláudio Gonzalez
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Com a paralisação de 28 de abril, a luta contra as reformas regressivas de Temer que ameaçam a CLT e a aposentadoria ganhou nova dimensão com participação ativa dos trabalhadores e deixou de ser apenas uma disputa entre governo e oposição

Pode-se dizer que até meados da década de 1990, a história contemporânea era registrada principalmente nas páginas dos jornais e revistas semanais, sempre pela ótica mais conveniente aos proprietários dos veículos de comunicação.

Com o advento da internet e, mais adiante com a disseminação das redes sociais, um novo personagem entra em cena: o cidadão comum. Passamos a registrar on-line, em tempo real, a nossa própria história. A grande mídia já não fala mais sozinha.

Graças a esta nova circunstância, a greve geral de 24 horas realizada na última sexta-feira de abril (28-04-2017) ficará registrada como aquilo que realmente foi: uma grande mobilização nacional dos trabalhadores em defesa de seus dieitos. Um episódio cristalino da velha e vivíssima luta de classes.

Esta greve foi considerada pelo movimento sindical como uma das maiores já realizadas no país. Segundo avaliação conjunta das centrais que organizaram a paralisação nacional, o movimento envolveu cerca de 35 milhões de trabalhadores e trabalhadoras.

Em todas as regiões do Brasil, os trabalhadores dos transportes, comerciários, aeroviários, petroleiros, professores, bancários, funcionários públicos e uma série de outras categorias cruzaram os braços para protestar contra medidas do governo Temer altamente prejudiciais aos trabalhadores, com destaque para a reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização.

O forte caráter oposicionista do movimento colocou na pauta da greve também a palavra de ordem Fora, Temer.

Em São Paulo, ao final do dia, cerca de 30 mil pessoas marcharam em protesto até a residência de Temer num bairro nobre da capital paulista. Também houve manifestações significativas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e vários outras capitais. Em muitos locais a polícia reprimiu com violência desproporcional as manifestações.

FGV: grevistas venceram ao colar rótulo de perda de direitos nas reformas

A greve geral do dia 28 " como é da natureza dadas greves gerais no resto do mundo " não tinha a pretensão de parar todas as atividades do país. Seu principal objetivo era despertar consciências adormecidas para o perigo das reformas neoliberais do governo Temer.

Segundo avaliação feita pela Fundação Getúlio Vargas, esse objetivo foi alcançado e o movimento marca uma inflexão no debate político, com a oposição de esquerda ganhando força um ano após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

"Os grevistas venceram a disputa narrativa e conseguiram colar o rótulo de perda de direitos nas reformas do governo Temer", diz a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (Dapp-FGV). A instituição publicou relatório sobre as informações recolhidas por seu Monitor de Temas. Trata-se de um termômetro de debate político baseado em menções a temas na internet.

A hashtag #BrasilemGreve esteve entre os tópicos mais comentados mundialmente no Twitter. Com 1,1 milhão de menções, teve mais repercussão na rede que os protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2015 e 2016, segundo a Dapp-FGV. Também de acordo com a instituição, trata-se do momento mais crítico para o governo de Michel Temer desde o seu início.

"Na esteira da aprovação da Reforma Trabalhista na Câmara dos Deputados e do avanço da Reforma da Previdência, pela primeira vez um movimento [de oposição a Temer] de dimensões similares aos verificados nos últimos anos e´ bem-sucedido", diz o relatório, comparando a greve geral às manifestações de rua de 2013 e às mobilizações pelo impeachment da presidenta Dilma.

Movimento sindical unido contra as reformas

Outro trunfo importante para o movimento sindical foi a conquista de uma unidade tática que até 2016 parecia impossível. Nos dois anos anteriores, as principais centrais estavam divididas. CUT e Força polarizavam, principalmente em relação ao governo Dilma Rousseff.

Na greve geral de abril, estiveram juntas todas as dez centrais sindicais atuantes no país: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central Sindical e Popular/Coordenação Nacional de Lutas (CSP/Conlutas), Central da Classe Trabalhadora (Intersindical) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST). Também se uniram à mobilização pela greve as duas mais importantes frentes de movimentos sociais e populares em atuação hoje no país: a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo.

Três dias após este histórico 28 de abril, a celebração do 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, voltou a unificar o discurso e a ação das entidades sindicais.

As seis maiores centrais assinaram um documento conjunto em que manifestam oposição às reformas patrocinadas pelo governo do presidente Michel Temer, fazem considerações positivas sobre a greve geral e prometem "ocupar Brasília" para pressionar o Executivo e o Congresso "a reverem seus planos de ataque aos sagrados direitos da classe trabalhadora.

Com o título A greve do 28 de abril continua, o documento é assinado pela CTB, CSB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT. O dia 28 de abril de 2017 entrará para a história do povo brasileiro como o dia em que a maioria esmagadora dos trabalhadores disse NÃO à PEC 287, que destrói o direito à aposentadoria, NÃO ao PL 6.787, que rasga a CLT, e NÃO à Lei 4.302, que permite a terceirização de todas as atividades de uma empresa, diz o primeiro parágrafo.

Depois de destacar os apoios recebidos de vários segmentos sociais, como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Ministério Público do Trabalho, as centrais pedem o fim imediato do trâmite das reformas: "Exigimos que as propostas nefastas que tramitam em Brasília sejam retiradas.

No final, anunciam que "o próximo passo é ocupar Brasília". As entidades também prometem recorrer a uma nova greve geral caso o governo não recue nas reformas.

Veja a íntegra da nota na pág.8.

Bresser Pereira: luz verde para as reformas se apagou"

O sucesso da greve geral do dia 28 de abril foi indiscutível. Por outro lado, as pesquisas do Datafolha, nas quais Lula volta a crescer alcançando 30% das intenções de voto, e a população manifesta sua rejeição à emenda da previdência e à reforma trabalhista, mostram que a luz verde para as reformas neoliberais se apagou", diz o professor Luiz Carlos Bresser Pereira, que lidera o Projeto Brasil Nação (veja matéria sobre este Projeto nesta edição da Princípios).

Em sua página no Facebook, Bresser Pereira diz que talvez isso não seja suficiente para impedir que a base comprada de Temer desista das reformas, mas certamente irá preocupar os deputados. Ele cita um texto de Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford e analista do Banco Central, no qual afirma: "Sozinha, a greve geral não deve reverter os votos já, digamos, transacionados para aprovar as reformas. Mas talvez ela seja vista, daqui a algum tempo, como início de uma nova fase na relação entre capital e trabalho no Brasil. Afinal, o sistema político brasileiro deixou de funcionar como lugar de negociação de conflitos redistributivos.

Rocha de Barros cita o exemplo de países escandinavos para traçar um paralelo com as mudanças propostas pelo governo brasileiro nas leis trabalhistas. As sociedades mais bem-ordenadas do mundo, os países escandinavos, têm normas trabalhistas bastante flexíveis. Mas o que faz desses países as sociedades mais justas do mundo é que essa flexibilização das relações de trabalho foi comprada bastante caro dos trabalhadores. Duas coisas equilibram as negociações salariais no modelo escandinavo. Em primeiro lugar, um Estado de Bem-Estar Social extremamente generoso, que custa muito dinheiro em impostos, inclusive " vejam só que diferença cultural interessante " impostos pagos pelos ricos. Não há perspectiva do Estado de o Bem-Estar Social brasileiro se expandir no curto prazo. Em segundo lugar, centrais sindicais fortíssimas, que reúnem grande parte da população e conseguem negociar acordos muito bons para os trabalhadores. Se os defensores da reforma trabalhista brasileira vissem um sindicato escandinavo pela frente, fugiriam chorando e pedindo que a Otan o bombardeasse", relata Barros.

Ele diz ainda que na eventualidade de as reformas serem aprovadas, restará aos trabalhadores o caminho da greve: "O "negociado" que de agora em diante vai prevalecer sobre o legislado será obtido sob ameaça de greve, ou será uma farsa", afirma.

Outro destacado analista que respaldou a importância da greve geral foi o cientista político André Singer. Em sua coluna na Folha de S.Paulo, ele lembrou que os trabalhadores sofreram um duro golpe com a Reforma Trabalhista votada dias antes na Câmara dos Deputados, e afirmou: "A greve geral, no entanto, representa uma esperança de virada". "A resposta veio na sexta (28).Na que talvez tenha sido a maior paralisação nacional desde os anos 1980, se não me falha de novo a lembrança, a base da sociedade mostrou que começa a reagir. Agora, precisamos preservar a democracia para que, mesmo de maneira lenta e paulatina, seja possível construir uma representação majoritária capaz de reverter a batalha histórica perdida nesta semana", diz o cientista político referindo-se à greve geral e à votação na Câmara que enterrou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas ainda pode ser revertida.

A greve triunfou, só a imprensa não viu

Mas se o alcance da greve foi reconhecido por vozes tão respeitadas, por que a quase totalidade da grande imprensa deu respaldo ao discurso enganoso do governo Temer dizendo que a greve teria fracassado e não passou de manifestações localizadas?

O experiente jornalista Luís Costa Pinto publicou no site Poder 360 um enfático artigo, cujo título - Greve geral mostrou vergonhoso momento da mídia tradicional brasileira - resume o comportamento dos grandes veículos de comunicação do país na cobertura do evento.

No texto, Costa Pinto afirma que a greve geral que paralisou parcela relevante e majoritária do país aprofundou também o fosso que aparta a mídia tradicional brasileira do Brasil real. "Veículos como a Rede Globo (TVs aberta e fechada, suas rádios, jornais e sites), TV Bandeirantes e sua rádio, jornais O Estado de S. Paulo, Correio Braziliense e muitos outros títulos regionais parecem habitar um bloco de gelo que já se separou do continente e navega num mar de rosas particular", diz Costa Pinto.

Ele registra que "no universo paralelo do iceberg que está a vagar por águas incandescentes não houve greve geral, houve "paralisações pontuais" e "protestos promovidos por centrais sindicais".

"O entardecer da sexta-feira " que levou às ruas das principais metrópoles vigorosas manifestações de repúdio a uma agenda de reformas econômicas que carece de chancela popular, posto não ter emergido das urnas " foi o "encerramento com protestos de grupos violentos, entre eles black blocks'.", registra Costa Pinto, relatando como os jornais descreveram a greve.

"Em seu desespero e confusão mental produzida por quem parece estar mais atenta a ter tudo o que todos têm e menos a qualidade do que publica, sem saber se é uma foca destinada a se conservar placidamente na praia iceberguiana ou se é uma orca com gana predatória por notícia, a Folha de S. Paulo produziu a pérola destinada a sintetizar o vergonhoso momento da mídia tradicional brasileira: ante sequência irrefutável de imagens que mostravam um capitão da Polícia Militar de Goiás desferir violento golpe de cassetete contra a cabeça do estudante Mateus Ferreira da Silva, durante os protestos em Goiânia, descreveu o ato de violência desproporcional como tendo sido praticado por "um homem trajado de policial militar"", diz o jornalista.

“O mau jornalismo que produziu o relato parcial do crime quase consumado contra o universitário goiano, contudo, é apenas a síntese parcial de um conjunto patético de veículos de comunicação que já não sabem refletir sobre o papel destinado a eles na sociedade. Dentre todos esses veículos os casos mais abrasivos de divergência entre o fato e a versão são protagonizados pelas TVs Globo e GloboNews e pela rádio CBN“, critica.

E ele completa: "Na quinta-feira, 27 de abril, como relatado aqui e em diversos outros espaços destinados a tentar flagrar uma crônica lógica do dia a dia político do Brasil, os veículos das Organizações Globo esconderam a greve convocada para a sexta-feira. Quando a greve eclodiu, com sucesso, na manhã do dia 28, os telejornais vespertinos pareciam surpresos e tentavam bancar o papel de guardiães do serviço público focando nos "transtornos" do movimento paredista à população, e tratando a greve como "protestos de centrais sindicais". Em momento algum houve foco naquilo em torno do que se protestava: as reformas trabalhista e da Previdência que tramitam no Congresso Nacional. Um mico.

".

Costa Pinto relata ainda que "ao longo do dia, comentaristas amestrados desses canais, que nasceram para funcionar como elos entre a sociedade dispersa e as instituições do país e são concessão pública (devendo, portanto, observar um compromisso mínimo com a tradução de expectativas sociais e a mediação de conflitos de opinião), esforçaram-se por tentar explicar o que para eles " e só para eles " parecia inexplicável: por que existe quem seja contra reformas como aquelas ora propostas" O esforço, como todo o resto, era parcial. Não havia opiniões divergentes às deles sendo ouvidas e levadas em conta nos programas levados ao ar.

"Quem também criticou de forma incisiva o papel deletério da mídia na cobertura da greve geral foi a ombudsman da Folha de S.Paulo, Paula Cesarino Costa. Em sua coluna semanal, ela registrou que na "sexta-feira (28 de abril), o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar,".

Segundo ela, a cobertura da greve focou apenas na "alteração da rotina das cidades, de modo previsível, sem inventividade nem relatos ricos. "Em suma, os jornais se concentraram no impacto sobre as árvores e deixaram de abordar a situação da floresta. A velha imagem é eficiente por condensar a mensagem de modo tão claro", afirma. 

"Está em jogo a perda de direitos em nome do ajuste fiscal. Jornais estrangeiros assim enquadraram a manifestação. A imprensa brasileira abriu mão da discussão sobre a floresta", completa Paula. 

Para a ombudsman, "A greve geral convocada por centrais sindicais e movimentos de esquerda mostrou que a mídia precisa se qualificar para esse tipo de cobertura, complexa e de altíssimo interesse do público leitor." Ela conclui afirmando que "Ainda há muito a aprender e a ser desenvolvido em cobertura de casos dessa magnitude. Na sexta-feira, o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar.".

*Da redação, com agências

 

Carta das centrais

1º DE MAIO DE 2017: A GREVE DE 28 DE ABRIL CONTINUAO dia 28 de abril de 2017 entrará para a história do povo brasileiro como o dia em que a maioria esmagadora dos trabalhadores disse NÃO à PEC 287, que destrói o direito à aposentadoria, NÃO ao PL 6.

787, que rasga a CLT, e NÃO à Lei 4.

302, que permite a terceirização de todas as atividades de uma empresa! Sob a palavra de ordem "Em 28 de abril vamos parar o Brasil", todas as centrais sindicais e suas bases se mobilizaram, de norte a sul do país, impulsionando uma imensa paralisação das atividades e grandes manifestações de protesto.

Trabalhadores dos transportes urbanos, das fábricas, comércio, da construção civil, prestadores de serviços, escolas, órgãos públicos, bancos, portos e outros setores da economia cruzaram os braços.

E este ato contou com o apoio dos movimentos sociais, como a UNE, de entidades da sociedade civil como a CNBB, a OAB, o Ministério Público do Trabalho, associações de magistrados e advogados trabalhistas, com o apoio dos nossos companheiros do movimento sindical internacional, e contou também com uma enorme simpatia popular.

Com nossa capacidade de organização, demos um recado contundente ao governo Temer e ao Congresso Nacional: exigimos que as propostas nefastas que tramitam em Brasília sejam retiradas.

Não aceitamos perder nossos direitos previdenciários e trabalhistas.

Nos atos de todas as centrais sindicais pelo país neste 1º de Maio de 2017, dia do trabalhador, reafirmamos nosso compromisso de unidade para derrotar as propostas de reforma da previdência, da reforma trabalhista e da lei que permite a terceirização ilimitada.

O próximo passo é Ocupar Brasília para pressionar o governo e o Congresso a reverem seus planos de ataques aos sagrados direitos da classe trabalhadora.

Sobre essa base, as centrais sindicais estão abertas, como sempre estiveram, ao diálogo.

Se isso não for suficiente assumimos, neste 1º de Maio, o compromisso de organizar uma reação ainda mais forte.

VIVA A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA!

VIVA O 1º DE MAIO!

ABAIXO AS PROPOSTAS DE REFORMAS TRABALHISTA E DA PREVIDÊNCIA! NENHUM DIREITO A MENOS!

Assinam os presidentes das centrais sindicais

Antônio Neto, da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)
Adilson Araújo, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Wagner Freitas, da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Paulo Pereira da Silva, Paulinho, da Força Sindical
José Calixto Ramos, da Nova Central (NCST)
Ricardo Patah, da União Geral dos Trabalhadores (UGT)

 

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