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Internacional

Edição 145 > O 17º Congresso da Federação Sindical Mundial (FSM) e os desafios do movimento sindical classista internacional

O 17º Congresso da Federação Sindical Mundial (FSM) e os desafios do movimento sindical classista internacional

Divanilton Pereira
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A classe trabalhadora em nível internacional enfrenta uma complexa situação política. A hegemonia do sistema financeiro no capitalismo atual fragiliza a produção, desnacionaliza economias, elimina direitos trabalhistas e propicia o ressurgimento do conservadorismo político

A realização do exitoso 17º Congresso da FSM se deu analisando esses processos e ainda contextualizando as lutas das trabalhadoras e dos trabalhadores em pleno transcurso de uma das mais abrangentes crises do capitalismo globalizado.  

Este congresso foi realizado na cidade de Durban, África do Sul, de 5 a 8 de outubro de 2016. Sob o lema À luta pelas realizações contemporâneas da classe trabalhadora, contra o desemprego, a guerra e a pobreza gerada pela barbárie capitalista, o evento contou com 1.200 sindicalistas (dos quais, 340 mulheres) pertencentes às 232 organizações sindicais oriundas de 111 países dos cinco continentes. Através da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), os classistas brasileiros tiveram a maior representação de sua história em um evento sindical internacional: 42 participantes (47% de mulheres), entre delegados e convidados, oriundos de 13 estados do Brasil.

A responsabilidade de sua realização coube à COSATU, a maior e mais influente central sindical da África do Sul. A abertura contou com a presença de Jacob Zuma, presidente da República, e de Blade Nzimande, secretário-geral do Partido Comunista Sul-Africano (PCSA). A COSATU, juntamente com o PCSA, integra o Congresso Nacional Africano (CNA), uma frente democrática e popular que governa o país desde 1994.

Alguns aspectos históricos

A FSM é a mais antiga federação com abrangência mundial. Foi fundada em Paris no dia 3 de outubro de 1945. Desde então, abriga o sindicalismo de concepção classista, orientada por uma estratégia antineoliberal, anti-imperialista e socialista. O núcleo fundador contou com representações sindicais de França, China, União Soviética, América Latina, EUA e Grã-Bretanha. Correspondia a uma fase geopolítica marcada pela aliança antifascista.

O rompimento desse pacto pelos EUA repercutiu no sindicalismo. Sob a liderança dos ingleses e americanos, em 1949 foi criada outra entidade internacional, a Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (CIOSL), dividindo o movimento sindical. Uma diretriz para concorrer com a até então forte influência do ideário socialista da FSM.

Mais recentemente, em 2006, ocorreu outra reconfiguração no sindicalismo internacional: a fusão da CIOSL com a cristã Confederação Mundial do Trabalho (CMT) criando a Confederação Sindical Internacional (CSI), assumidamente socialdemocrata.

Dessa forma, atualmente o sindicalismo internacional está sob a influência dessas duas entidades: a FSM e a CSI. Esta última hegemoniza o movimento contra a rearticulação e o crescimento da Federação.

A Federação Sindical Mundial

Hoje, a FSM conta com a representação sindical de 92 milhões de trabalhadoras e trabalhadores de 126 países dos cinco continentes. Sua sede central está em Atenas, Grécia, desde 2006. É dirigida por um Conselho Presidencial composto por 47 membros e executada por um secretariado de sete representantes. O seu secretário-geral é George Mavrikos, originário da central sindical grega, PAME. Os congressos são as instâncias máximas para as suas deliberações.

Após os efeitos da crise socialista dos anos 1990, a FSM vem retomando a iniciativa e o protagonismo político em nível internacional. Nos últimos cinco anos obteve um crescimento de 18% de filiados. Participa diretamente das mais importantes manifestações e greves em nível mundial, como também do sistema institucional da Organização das Nações Unidas (ONU) como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

O Congresso

A representatividade, a solidariedade e a reafirmação classista da FSM foram marcas do seu 17º Congresso. À luz de documentos que trouxeram um balanço positivo de seu último período, o encontro realizou também uma análise sobre a difícil situação política e social que vive a classe trabalhadora em nível mundial.

Uma realidade que advém de uma ultrafinanceirização global capitalista, da qual a agenda liberalizante predomina, provocando a concentração da renda, o sequestro das soberanias nacionais, a desindustrialização precoce, taxas alarmantes de desemprego e uma voraz ofensiva contra os direitos trabalhistas e sociais dos povos. A crise capitalista em curso acelera esses processos, pois o comando político continua em mãos cada vez mais conservadoras, retroalimentando-a e rearticulando valores anticivilizacionais.

Essa prevalência, no entanto, não é um consenso. Seja pelas contradições entre as frações da classe dominante, seja pelas resistências de novos polos políticos, como o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), seja pelas lutas das trabalhadoras e dos trabalhadores, a resultante é uma tendência à multipolaridade geopolítica, mas carregada de incertezas e perigos.

Foram essas as abordagens – sobretudo a feita pela bancada classista brasileira – que nortearam as discussões e as resoluções do Congresso.

Uma nova direção eleita

Além de reeleger o atual secretário-geral, George Mavrikos, o Congresso elegeu seu novo Conselho Presidencial e Secretariado. A CTB, que na gestão anterior fazia parte do Conselho através do companheiro João Batista Lemos, hoje, além dessa instância, assumiu uma das sete vagas do Secretariado através de minha eleição. Consagram-se, assim, um novo protagonismo e responsabilidade para a CTB.

Desafios

A escala de desafios é gigantesca para a classe trabalhadora. Enfrentar a conjuntura atual e, ao mesmo tempo, os efeitos da quarta revolução industrial nas relações de trabalho é uma tarefa que exige convicção classista e ampla unidade de ação. Para isso, destaco que devemos empreender esforços concentrados para despertar e conquistar a consciência de classe entre a nossa classe. Sem ela, seremos meros intermediadores da venda da nossa força de trabalho. Para isso não precisa de classistas, pois o mercado está repleto e hegemônico. 

Com essas novas responsabilidades, a CTB continuará dando sua contribuição classista e militante nessa resistência internacionalista, como também fortalecerá o papel da FSM para que esta reúna ainda mais as condições de continuar disputando a hegemonia sindical mundial.

* Divanilton Pereira é membro do Secretariado da FSM e secretário de Relações Internacionais da CTB


 

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