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Edição 139 > JundiaÍ: GESTÃO POPULAR DE PEDRO BIGARDI (PCdoB) DESENVOLVE E HUMANIZA UMA DAS MAIS PRÓSPERAS CIDADES DO INTERIOR PAULISTA
JundiaÍ: GESTÃO POPULAR DE PEDRO BIGARDI (PCdoB) DESENVOLVE E HUMANIZA UMA DAS MAIS PRÓSPERAS CIDADES DO INTERIOR PAULISTA
No último dia 14 de dezembro, a cidade de Jundiaí completou 360 anos. Ela é o centro de um aglomerado urbano situado no meio de duas grandes regiões metropolitanas, a da capital São Paulo, e a de Campinas. Assim como muitas cidades médias da região, também sofreu grandes transformações nos últimos anos, nem todas positivas. Mas desde 2013, com a posse do prefeito Pedro Bigardi, do PCdoB, a cidade passou a viver uma nova fase marcada por ações progressistas, fortes investimentos em infraestrutura e estímulo à participação popular

De sua sala no último andar da imponente sede da Prefeitura de Jundiaí, com enormes janelas por todos os lados, o prefeito Pedro Bigardi (PCdoB) tem uma visão quase completa da cidade que administra. Ele lembra que o arquiteto Araken Martinho, que venceu o concurso e projetou o edifício, dizia que -a gente tem que ver a cidade, e a cidade ver a Prefeitura-, por isso escolheram um dos pontos mais altos da área urbana para instalar o Paço Municipal, onde está a sede do executivo.
Em seu primeiro mandato como prefeito, Bigardi decidiu levar para além das janelas do prédio o conceito de visibilidade e transparência defendido pelo arquiteto e amigo pessoal Araken, ou seja, a promessa de fazer com que a Prefeitura -veja e seja vista pela cidade- ganhou a partir da gestão do engenheiro comunista Pedro Bigardi um significado mais amplo: ele quer (e está conseguindo) que a administração municipal alcance com obras, ideias e projetos todos os cantos e setores da cidade e, ao mesmo tempo, que a população jundiaiense participe efetivamente da gestão e conheça cada passo dado pela Prefeitura.
Neste sentido, foi mais que merecido o reconhecimento dado no último mês de outubro através do Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEGM), desenvolvido pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) que colocou a gestão da cidade de Jundiaí entre as melhores do estado de São Paulo, com destaque para as áreas de educação, saúde e proteção ao cidadão, fazendo jus ao slogan da administração Bigardi: Cuidar da cidade é cuidar das pessoas. No mesmo mês, a cidade também conquistou a quinta maior nota do país no Índice de Oportunidades da Educação Brasileira (IOEB). E o grupo britânico The Financial Times elencou Jundiaí como uma das cidades latino-americanas mais promissoras para receber investimentos. E a revista Exame, em março de 2015, colocou Jundiaí no ranking das dez melhores grandes cidades do Brasil para se criar os filhos.
Estes e outros indicadores refletem uma parte do ativismo administrativo da gestão Bigardi que, em menos de três anos, promoveu 165 grandes ações. São obras e serviços públicos entregues e ou em andamento em todos os bairros, em praticamente todas as áreas - saúde, educação, habitação, transporte público, mobilidade urbana, cultura, esportes e lazer, água e esgoto, tratamento de lixo e segurança - beneficiando milhares de pessoas.
A reportagem de Princípios visitou o município, conversou com o prefeito e seus secretários e mostra, nas próximas páginas, algumas destas ações da gestão comunista que estão transformando Jundiaí numa cidade ainda melhor.
-Etiam per me Brasilia Magna-
A frase em latim que acompanha o brasão da cidade de Jundiaí pode ser traduzida como -Também graças a mim o Brasil tornou-se grande-. Nada mais verdadeiro. A história da cidade está repleta de episódios que confirmam sua contribuição para o desenvolvimento nacional
O nome Jundiaí tem origem tupi e vem da palavra -jundiá-, que significa bagre, e -y-, que significa rio. Alguns estudiosos também consideram o termo -yundiaí- como -alagadiços de muita folhagem e galhos secos-. A região era habitada por povos indígenas até o final do século 17.
Os primeiros colonizadores chegaram em 1615. Apesar das controvérsias dos historiadores, a versão mais aceita sobre a fundação do município remete à vinda de Rafael de Oliveira e Petronilha Rodrigues Antunes que, por motivações políticas, fugiram de São Paulo e refugiaram-se nos arredores, fundando a Freguesia de Nossa Senhora do Desterro, posteriormente elevada à categoria de Vila em 14 de dezembro de 1655. Os novos colonizadores afugentaram os grupos indígenas, que se embrenharam na mata. A origem de Jundiaí está ligada diretamente ao movimento bandeirante, principal responsável pela ocupação da antiga Capitania de São Vicente.
Em 28 de Março de 1865, Jundiaí foi elevada à categoria de cidade.
Ferrovia estratégica
A partir da segunda metade do século 19 a produção cafeeira ganhou força para o oeste e isso promoveu o crescimento do município.
Nesta época, se observava a crise do escravismo e a consequente alta do preço do escravo. Neste contexto, os grandes produtores rurais passaram a buscar novos trabalhadores e teve início o amplo processo de imigração, com a participação direta do Governo Federal. Os primeiros foram os italianos, que se instalaram preferencialmente na região da Colônia, no Núcleo Barão de Jundiaí. Depois, outros europeus foram instalados no comércio e na lavoura e alguns passaram rapidamente de colonos a proprietários, incrementando a atividade agrícola. Hoje, a maior parte da população de Jundiaí descende de imigrantes italianos, mas há também significativa presença de famílias formadas por descendentes dos primeiros bandeirantes, negros e indígenas. Outros imigrantes, principalmente os japoneses, chegaram na cidade nas décadas de 1920 e 1930. A imigração estimulou o crescimento urbano e comercial da cidade.
Enquanto isso, Jundiaí se destacava como uma cidade estratégica no setor ferroviário, com a instalação da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Desde sua inauguração em 1867 até ao ano de 1946, ela foi denominada São Paulo Railway Company. Seus trilhos se conectavam com diversas outras ferrovias paulistas.
Os trabalhadores de Jundiaí que movimentavam este complexo ferroviário fizeram uma greve em 1906 que, apesar de ser um acontecimento ainda pouco estudado, para alguns historiadores é um marco histórico importante do movimento operário no Brasil.
O ciclo do café, a chegada da ferrovia e a urbanização impulsionaram Jundiaí ao desenvolvimento. Ao mesmo tempo, a vocação agrícola dos imigrantes a fez despontar nacionalmente com a produção de uvas de mesa, especialmente a niágara rosada, variedade que surgiu ali. A importância deste cultivo para a cidade gerou a tradicional Festa da Uva. A cidade é um dos dez municípios que integram o circuito das frutas no interior paulista.
Na primeira metade do século 20, Jundiaí descobriu a sua vocação industrial, que perdura até hoje, fazendo com que a cidade possua um dos maiores parques industriais da América Latina.
Detalhes sobre a história de Jundiaí podem ser lidos no site: www.jundiainahistoria.com.br
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A CIDADE EM DADOS
GEOGRAFIA
Distante apenas 57,7 quilômetros da capital do estado, Jundiaí tem 431,207 km2 de área e é o eixo de um Aglomerado Urbano que inclui também os municípios de Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista, Jarinu, Louveira, Itupeva e Cabreúva, apresentando urbanização contínua e/ou processo de conurbação entre suas áreas urbanas, havendo integração econômico-funcional entre os mesmos. Localiza-se entre as regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, e também limita-se com a região bragantina e de Sorocaba. Foi a primeira aglomeração urbana criada no estado de São Paulo e a quarta -entidade metropolitana-. Juntamente com as demais regiões metropolitanas do estado, forma a Macrometrópole Paulista, a maior do hemisfério sul e uma das maiores do mundo.
DEMOGRAFIA
401.896 habitantes IBGE/2014
15° município mais populoso de SP e o 59° maior do Brasil, sendo maior que quatro capitais estaduais
276.063 eleitores TRE-SP/2014
CARTÃO POSTAL:
A paisagem mais marcante da cidade é a Serra do Japi, uma das grandes áreas de mata atlântica nativa contínua no estado de São Paulo, denominada como -Castelo de Águas- por muitos naturalistas, como o geógrafo Aziz Ab-Saber, devido à sua riqueza hídrica. Foi tombada em 1983 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e, posteriormente, regulamentada como reserva biológica.
INDICADORES ECONÔMICOS:
IDH-M 0,822 muito alto PNUD/2010
11° melhor posição do Brasil e quarta
melhor do estado
PIB R$ 23,7 bilhões IBGE/2012
9ª maior economia de SP
23ª economia do Brasil
Jundiaí é uma cidade rica e conservadora. Antes de Bigardi vencer a disputa pela Prefeitura, quem dava as cartas por lá eram os tucanos. Além da elite local, boa parte de descendência europeia, muita gente saiu de São Paulo para morar nos sofisticados condomínios de Jundiaí e cidades vizinhas. Não surpreende, portanto, que na última eleição presidencial a candidata do PT, Dilma Rousseff, tenha recebido dos jundiaienses menos de 20% dos votos no primeiro turno e pouco menos de 30% no segundo. Com a atual crise política, que atinge toda a esquerda e provoca manifestações de ódio entre a elite paulista, era de se esperar que também o prefeito de Jundiaí, ex-petista que migrou para o Partido Comunista do Brasil, estivesse em maus lençóis. Mas não. A opção partidária de Pedro Bigardi, cada vez mais firme e determinada, não tem lhe causado nenhum problema, pelo contrário, ele é saudado, abraçado e festejado por onde circula. A popularidade de sua administração é amplamente positiva e o próprio PCdoB está crescendo e se consolidando como força política na cidade graças à boa administração que está fazendo.
-Não temos medo do diálogo com o povo, estamos nas feiras, nos bairros para ouvir a população e fazer um governo para todos-, disse o prefeito durante uma recente conferência do PCdoB na cidade.
Ele destacou ainda o empenho de cada militante na tarefa de -cuidar da cidade- de forma diferente.
Esta determinação de cuidar da cidade e cuidar das pessoas não aparece apenas no discurso e no slogan da gestão, é uma preocupação pessoal de Bigardi e expressa-se nas quase duas centenas de ações tocadas pela Prefeitura e também no próprio comportamento do prefeito.
Quando a reportagem de Princípios foi entrevistá-lo na sede da Prefeitura, Pedro Bigardi fez questão de iniciar a conversa mostrando os telões instalados em sua sala e através dos quais ele monitora o que acontece nas principais vias do município.
O equipamento de monitoramento tem como propósito principal auxiliar na segurança e já conseguiu diminuir o índice de roubo de veículos, que era um dos poucos índices de violência altos de Jundiaí. Mas a relação do prefeito com aquelas imagens do dia a dia da cidade dão ao equipamento um propósito mais amplo. Aos olhos do administrador, cada uma daquelas telas é um espaço de diálogo e reflexão sobre o que é possível fazer para cuidar mais e melhor da cidade e de seus 400 mil habitantes.
Certamente esta busca contínua por ideias e soluções para a administração pública ajuda a explicar a motivação que levou a Prefeitura a alcançar, em apenas dois anos e meio, o maior volume de ações públicas que a cidade já vivenciou.
O chefe de gabinete da Prefeitura, Alan Picolo, e o assessor Gustavo Lucente explicam que o mote usado na campanha sobre as 165 Ações (Nunca se fez tanto em tão pouco tempo) não é mero recurso publicitário, é a constatação de uma realidade.
As ações envolvem desde recapeamento de pistas até implantação da Nota Fiscal Jundiaiense, passando por transformações efetivas na saúde, educação, transporte etc.
Como é de se esperar, as obras de mobilidade urbana são as que ganham mais visibilidade. Um exemplo marcante é o Complexo Jundiaí, uma obra de aproximadamente R$ 200 milhões, a maior da cidade e muito esperada pela população jundiaiense e também pelas pessoas que trafegam pela via Anhanguera. Alan explica que esta obra, que inclui viadutos e alças de acesso à rodovia, vai ajudar a destravar o trânsito que se forma nos horários de pico. -É um problema crônico que afeta não só quem mora e trabalha em Jundiaí, mas o pessoal de outras cidades da região-. Ele diz ainda que a obra receberá recursos do governo estadual que foram buscados por Bigardi desde quando ele era deputado. -Os prefeitos anteriores, mesmo sendo do PSDB, partido do governador, não conseguiram liberar os recursos. O Bigardi foi atrás, planejou, colocou gente capacitada para organizar o projeto e conseguiu-, diz Alan.
Além do complexo viário, estão programadas outras ações na área de mobilidade urbana, como os corredores exclusivos de ônibus - chamados BRTs, e modernas plataformas de embarque e desembarque.
Junto com estas obras, a maior renovação da frota de ônibus da história de Jundiaí, a manutenção do preço da passagem, a adoção do Bilhete Único e a tarifa social (ônibus a R$ 1 aos domingos) são iniciativas importantes da gestão Bigardi para qualificar o transporte coletivo na cidade.
Temas ligados à cultura, esporte, direitos humanos, programas sociais, participação e transparência também ganharam destaque nos últimos três anos. Gustavo Lucente cita várias ações nestas áreas, como a revalorização das grandes festas locais, o projeto Sexta no Centro, que está devolvendo o agito cultural e a vida noturna para a região central da cidade, o Programa Crack é Possível Vencer, o apoio a dezenas de modalidades esportivas, o incremento de programas sociais como o Mais Médicos e o Bolsa Família, a reforma de diversas escolas e unidades de saúde e a construção de quatro UPAS (Unidades de Pronto Atendimento), sendo que uma delas (UPA Novo Horizonte) será a maior do Brasil.
A instalação de um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP) na cidade também ocorreu na atual gestão e é considerado embrião de uma futura universidade pública, algo que a necessidade ainda não tem.
Qualidade de vida
Segundo o prefeito Bigardi, todo esse conjunto de ações ajuda a consolidar Jundiaí como uma das melhores cidades do país em qualidade de vida.
E para ele, que trabalhou muito tempo com planejamento ambiental, tendo sido, inclusive, um dos responsáveis pela transformação da Serra do Japi em reserva ecológica, a questão do meio ambiente está intimamente ligada com a qualidade de vida.
Bigardi criou uma Fundação para cuidar da Serra do Japi e estendeu o monitoramento via câmeras para diversos pontos da mata, garantindo a vigilância da região contra crimes ambientais e queimadas e permitindo ampliar o estudo da fauna e flora locais.
Outra importante iniciativa na área ambiental foi a parceria firmada com instituições da Alemanha para tratamento de resíduos e lixo orgânico. -Já tem equipamentos, tudo. É uma experiência que considero, pelos estudos, a mais moderna no mundo. Se der certo, e acho que vai dar, pode ser exemplo pro Brasil inteiro. Outro exemplo é o tratamento de resíduo de construção civil. A gente está reaproveitando o material, são montanhas que ficavam lá e a gente está reaproveitando com o sistema que criamos, fazendo calçadas, praças com o material reciclável-, relata o prefeito.
Diante da crise hídrica que atinge o estado, a boa gestão das águas em Jundiaí levou a cidade a ser acionada pelo governo paulista para socorrer cidades vizinhas, como Campinas.
Mas nem tudo são flores. -Jundiaí sofreu uma verticalização acentuada nos últimos anos, principalmente no governo anterior. Aprovaram prédios aos montes, de qualquer jeito. Foi preciso controlar isso. Essa é uma questão que ainda preocupa-, diz o prefeito, referindo-se à especulação imobiliária que ocorreu há alguns anos na cidade, atraindo empreendimentos que apostaram na qualidade de vida de Jundiaí como apelo para atrair compradores. Enquanto isso, a gestão PSDB empurrava com a barriga os projetos de habitação popular, condenando milhares de jundiaienses a continuarem morando em submoradias.
Pedro Bigardi inverteu a equação. Com ações de grande impacto social, viabilizou a construção de mais de 1.500 moradias. São 1.088 em construção no Jardim Novo Horizonte, 400 em fase de finalização no Jardim São Camilo e 123 já entregues na Vila Ana. A regularização fundiária também avançou. Desde 2013, foram entregues mais de 1300 escrituras definitivas de imóveis.
É fato que os bons indicadores de qualidade de vida da cidade não surgiram na gestão de Bigardi, já era um dado da realidade local há muitos anos, como o elevado nível educacional e a infraestrutura de saneamento, que alcança quase 100% das residências. Mesmo assim, Bigardi precisou corrigir problemas básicos, como oferecer uniformes aos alunos da rede municipal de ensino, ampliar vagas em creches e melhorar a qualidade do material didático.
Outro tipo de relação
Os avanços da atual gestão não se restringem a oferecer mais e melhores serviços públicos. -Eu tenho que avançar em ações, numa visão social diferenciada, num outro tipo de diálogo com a população e a gente está conseguindo fazer isso-, diz o prefeito, citando um exemplo singelo mas bastante claro deste novo tipo de relação entre poder público e população: -Temos poucos problemas com enchentes. Mas havia um ponto frequente de alagamento, numa favela, a Sorocabana. Quando assumimos a Prefeitura, um morador de lá deu uma ideia para resolver a questão. A Defesa Civil fez o que ele propôs, um braço do rio, e não teve mais enchente. Asfaltamos a rua agora, não tem mais problema nenhum, pode chover, não alaga-, relata Bigardi, acrescentando que sua gestão fez grandes investimentos na capacitação e estruturação da Defesa Civil, que estava sucateada.
Outro exemplo de relação positiva é com o funcionalismo público. -A gente corrigiu distorções de várias categorias, cozinheiro, motorista, engenheiro, procurador, agente... foram mais de vinte categorias. Algumas delas tiveram reajustes superiores a 30%, isso em um momento de crise como o nosso. Temos 8 mil servidores municipais. Eu fui na festa deles. O sindicato me chamou ao palco e anunciei as categorias beneficiadas. Houve aplausos, um negócio impressionante. A nossa avaliação no funcionalismo é muito boa. É que eu sou da casa também, temos essa relação de amizade e trabalho-, diz Bigardi, lembrando que durante mais de 20 anos ele próprio foi funcionário da Prefeitura.
Questionado se ele identifica alguma marca específica de um governo de esquerda em sua gestão, o prefeito aponta várias.
-Tem coisas que parecem pequenas, mas são relevantes: a primeira é que gente criou coordenadorias de mulheres, da igualdade racial, da pessoa com deficiência, do idoso, do trabalho.... Elas conseguiram dar uma cara e abrir um canal institucional de diálogo com esses setores que não tinha na cidade. Você não discutia a questão racial. A questão do deficiente, no passado havia uma entidade ou outra, mas não havia uma discussão profunda. A gente conseguiu colocar isso no debate. Acho que é um diferencial do governo. Nas próprias conferências, nas ações práticas e concretas, a gente consegue trazer esses temas para a administração-, diz Bigardi.
Ele destaca também a participação popular na gestão. -Eu achava que seria muito difícil envolver a comunidade num processo participativo. E isso eu achava por conta do histórico, havia um certo refluxo de participação. Mas fui surpreendido positivamente. Já acompanhei outros planos diretores, teve alguma participação, mas nunca nesse nível de agora. É o maior processo participativo da história de Jundiaí. São milhares de pessoas participando de audiências públicas, debates, fóruns... é impressionante-, celebra Bigardi, citando que o debate sobre o Plano de Segurança, por exemplo, percorreu todos os bairros da cidade.
-Uma outra marca nossa é a humanização. A cidade era tratada como mercadoria. Tratavam a cidade como mero espaço para negócios. -Vou fazer um investimento aqui que vai ganhar o loteamento tal, vai valorizar tal localidade, vou mudar a lei pra poder ganhar tal coisa-... era assim que pensavam. A zona rural estava cada dia menor, mais desvalorizada. A cidade era puramente mercadoria. Mudamos isso. O processo de humanização da cidade, de gerar bem estar para o povo, está presente em todas as nossas ações. A gente criou parques com espaços para crianças, jovens, adultos, idosos, lugar de contemplação e de lazer. Nossos eventos chegam a reunir 150 mil pessoas e não tem uma ocorrência policial sequer-, relata Bigardi.
Ele cita ainda o urbanismo caminhável, a reconstrução dos espaços públicos e a revitalização dos patrimônios históricos, como a Ponte Torta. -São ações que promovem a confraternização, o encontro das pessoas. Sinto isso nas ruas. A cidade tem outro clima, parece que está começando a respirar de novo aquele ar de comunidade que havia se perdido. Acho que isso é um diferencial extraordinário-, comemora.
Fundo Social de Solidariedade
Junto com a maior participação e humanização, o ativismo solidário também floresceu nestes três anos de gestão comunista.
Presidido pela primeira-dama, Margarete Bigardi, o Fundo Social de Solidariedade estava praticamente abandonado antes do prefeito Pedro Bigardi assumir. Até mesmo o espaço físico onde ele funcionava era precário. Hoje, o Fundo tem uma sede bem estruturada e está sendo considerado uma importante alavanca para a popularidade do governo, além de aproximar a gestão comunista de um setor com o qual a esquerda dialoga pouco: a extensa rede de entidades assistenciais.
O Fundo organiza eventos culturais e comunitários, mobiliza a população em mutirões, auxilia em campanhas de conscientização, promove cursos de capacitação e recebe e repassa para entidades filantrópicas doações de roupas e de alimentos o ano inteiro.
Uma das principais vitrines do protagonismo alcançado pelo Fundo foi a reativação da Feira da Amizade. O evento teve início no final da década de 1960 e era uma tradição da cidade, mas em 1999, por falta de apoio, parou de acontecer. Foram 14 anos de espera até que, em 2013, Margarete Bigardi, junto a 28 entidades sociais, decidiu resgatar essa história. Desde então, a festa cresce a cada ano e já voltou a ser parte do calendário de eventos da cidade, pautada pela caridade e voluntariado e movida por diversas atrações artísticas e culturais. Na edição de 2015, reuniu 55 mil pessoas.
-Minha esposa não era da política, mas quando entramos na Prefeitura, ela assumiu o Fundo Social e trouxe a humanização para o governo. Isso vem dela. É uma relação com as pessoas que é diferente-, diz Bigardi, sem esconder o orgulho de compartilhar este novo momento da cidade com uma aliada de todas as horas.
Planejamento, contrapartidas e
parcerias para enfrentar a crise
Perguntado se a crise econômica atual não ameaça o ritmo de desenvolvimento da cidade e as ações da Prefeitura, por causa da contingência de verbas federais e estaduais, Bigardi explica que graças a um planejamento prévio, feito ainda durante a campanha eleitoral de 2012 e no início de seu governo, todas as principais parcerias com a União e o governo estadual foram mantidas e as verbas liberadas. -Não foi fácil, porque é preciso tempo para formular os projetos. Mas graças ao planejamento prévio, a gente tem tudo encaminhado, assinado, sendo construído. Não reverteu nada. É claro que com a crise a captação de recursos de Brasília e do Estado ficou mais difícil, por isso estamos agora concentrando nossas energias na viabilização dos projetos aprovados. E o que temos já é o maior volume de investimentos da história de Jundiaí. Se você comparar com os últimos 10 anos, não teve tanto investimento como o que estamos fazendo em dois anos e meio-, relata.
Além dos investimentos públicos, a cidade também tem atraído investimentos privados, com empresas de diversos setores. Neste quesito, Jundiaí fortaleceu a questão das contrapartidas. Em troca dos tradicionais benefícios fiscais e concessão de áreas para grandes empreendimentos, estas empresas compensam o município com obras viárias, projetos sociais e reforma de prédios e espaços públicos. -Nos governos anteriores, falava-se em contrapartida, mas era conversa mole, não tinha nada. A gente passou a exigir-, afirma Bigardi.
Hoje, o parque industrial de Jundiaí é um dos maiores e mais diversificados da América Latina. Há desde grandes metalúrgicas a empresas nacionais do ramo alimentício e de eletroeletrônicos.
A nova aposta da gestão para dinamizar ainda mais a economia local é na criação de um parque tecnológico. -Vamos ter o pólo tecnológico, ligado ao parque, em uma região carente da cidade que já está recebendo melhorias. Criamos a Lei de Inovação, que não tinha, e parece que são poucas as cidades que tem no estado de São Paulo. Criamos também o Conselho de Ciência e Tecnologia. O projeto é uma parceria da Prefeitura, empresas e universidades pra gente poder avançar na produção de conhecimento, pesquisas e inovação-, informa Bigardi.
Com a revitalização de espaços públicos, consolidação de uma grande rede hoteleira e a retomada de eventos culturais e festas tradicionais, o turismo também cresceu. Outro setor que mostrou recuperação foi a agricultura, que agora conta com o inédito seguro agrícola.
De servidor a prefeito, trajetória de Bigardi o fez conquistar a confiança da cidade
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Pedro Antonio Bigardi, 56, é filho legítimo de Jundiaí. Nascido no tradicional bairro de Vianelo, sua família foi formada pelos primeiros imigrantes italianos que se instalaram na cidade. Formou-se em engenheira civil e é professor universitário com especialização em gestão ambiental.
Sua militância política começou quando ainda era estudante, seduzido pela vigorosa movimentação da campanha das Diretas.
Em 1985, ingressou no PT e graças a seu trabalho com planejamento urbano foi escalado para disputar a prefeitura em 1996. Angariou 14% dos votos. Voltou a se candidatar em 2000 e ficou em terceiro lugar. Em 2004, novamente na disputa, alcançou 42% dos votos, mas não se elegeu, ficou em segundo. Em 2006, ainda pelo PT, candidatou-se a deputado estadual, alcançou uma boa suplência e chegou a assumir o mandato em 2009. No ano anterior, 2008, filiou-se ao PCdoB e, por causa disso, o PT reivindicou a vaga de deputado alegando infidelidade partidária. Ainda em 2008 disputou a Prefeitura de Jundiaí pelo PCdoB ficando novamente em segundo lugar. Em 2010, foi eleito deputado estadual, desta vez como titular e com grande votação (68 mil votos), o que lheu deu ânimo para disputar pela quinta vez a prefeitura em 2012. Foi finalmente eleito com consagradores 139.614 votos (65,57% dos votos válidos) no segundo turno.
P
edro Bigardi teve que encarar quatro derrotas consecutivas em eleições para a Prefeitura de Jundiaí até finalmente ser eleito, na quinta disputa, em 2012 (veja histórico ao lado). Durante 22 anos, ele trabalhou na Prefeitura, como desenhista e engenheiro, cuidando de temas como urbanização de favelas e planejamento urbano. Isso o aproximou de muitos setores da população e o fez conhecer por dentro a máquina administrativa. Estava preparado desde jovem para ocupar a função de gestor público, mas o ativista de esquerda numa cidade tradicionalista precisou antes passar por um processo longo de conquista da confiança da população. Nesta jornada, foi fundamental o período em que exerceu o mandato de deputado estadual. -O fato de ter assumido na Assembleia me deu muita condição de mostrar trabalho. Porque eu era candidato, servidor público, de carreira, trabalhando pela cidade, mas as pessoas não tinham me visto como vereador ou num cargo eletivo. Como deputado, pude trabalhar muito com entidades da cidade, trazer verba, discutir propostas. Aquilo me deu muita presença política, isso foi um diferencial-, diz Bigardi. Segundo ele, esta experiência parlamentar, as sucessivas disputas e, sobretudo, sua filiação ao PCdoB lhe trouxeram -maturidade política-.
-Eu já tenho um pouco esse estilo de dialogar com todo mundo, mas aprendi isso no PCdoB, essa capacidade de se articular com outras forças. Na Assembleia eu fazia isso, conversar com todo mundo, com todas as forças políticas, sem sectarismo. Isso me ajuda aqui, tanto que até o momento não tivemos nenhuma crise política no governo, nada-, relata Bigardi.
Prova maior desta celebrada maturidade é que o Partido dos Trabalhadores - mesmo partido que entrou na Justiça para tirar de Bigardi a cadeira de deputado e que depois disputou com ele a Prefeitura em 2008, dividindo os votos que poderiam tê-lo eleito naquela ocasião - hoje integra o governo Bigardi com destaque, inclusive o vice-prefeito, Durval Orlato, era do PT quando compôs a chapa (agora está no Pros). Apesar das rusgas passadas, o diálogo e a aliança no campo de esquerda prevaleceram.
Ao lado do diálogo amplo, Bigardi cita sua disposição de -correr a cidade- e os acertos na política de comunicação como responsáveis pelos bons níveis de popularidade que sua administração alcançou.
-A gente teve muita dificuldade de comunicação no primeiro ano, mas depois acetamos o passo, contratamos uma agência e mantemos uma boa equipe profissional cuidando da comunicação institucional da Prefeitura. Recentemente, recebemos até prêmio por acertos nesta área. Agora uma coisa que eu acho que é o diferencial nessa história toda é a minha presença. Estou na rua o tempo todo. Quando eu vou para os bairros, visito lugares, vou às festas, reuniões comunitárias... quando faço isso, parece que melhora muito a visão do povo em relação à Prefeitura. As pessoas querem que eu vá no lugar, querem me ver, é uma coisa. Estou falando isso como personagem. Eu tenho que estar na rua e aprendi isso: se eu não circular, conversar com as pessoas, fazer reunião em bairro... parece que estou amarrado. Então acredito que esse é o grande diferencial, minha presença na rua. E incentivo meus colabores e secretários a fazerem a mesma coisa-, diz o prefeito.
-E quando estamos aqui na sede da Prefeitura, trabalhamos de porta aberta. Esta foi uma determinação que sugeri logo no início e todos acataram. Aqui se trabalha de porta aberta-, acrescenta.
Ao final da entrevista, perguntei se ele espera ser reelito em 2016. A resposta veio em tom de otimismo. -A batalha vai ser dura, mas com esse ritmo de realizações que estamos fazendo e a minha presença na rua, acho que é um processo natural.-
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PCdoB Jundiaí ganha novos filiados
Partido cresce respaldado pela gestão popular, ação política e atuação nos movimentos sociais
A boa gestão dos comunistas em Jundiaí, aliada a uma ação política ampla, consequente, combativa e cotidiana, está rendendo frutos para o Partido Comunista do Brasil na cidade. Isso se refletiu no processo da Conferência Municipal do PCdoB, realizada no último dia 7 de novembro e que mobilizou, em todo o processo, cerca de 500 filiados e militantes, com plenárias setoriais de Mulheres, Juventude e Movimentos Sociais.
Ao ato político que abriu a Conferência compareceram dirigentes nacionais e estaduais do PCdoB e representantes de seis diferentes partidos. Para o presidente do PCdoB de Jundiaí, vereador Rafael Purgato, a presença de diversos partidos políticos representa a amplitude da gestão comunista na cidade. -O PCdoB é um partido de construção e é fundamental o apoio desses partidos para a continuidade do crescimento do nosso governo-, disse.
Tércio Marinho, secretário de Cultura de Jundiaí e dirigente local do PCdoB, avalia que -o Partido está em franco crescimento pela sua postura em defesa dos interesses do país, do Estado e dos municípios, seu histórico de luta ao lado da classe trabalhadora faz com que nunca perca sua militância orgânica, assim como sua atuação nas lutas contra o racismo, o machismo e a homofobia, sua relação com os movimentos sociais e a histórica vocação de sua juventude- .
Dias antes, em outro encontro partidário, o PCdoB de Jundiaí oficializou o ingresso de várias novas lideranças políticas e de movimentos sociais nas fileiras partidárias. Dentre os novos filiados, o Secretário de Educação de Jundiaí, professor José Renato Polli, comentou sua filiação afirmando que trata-se de uma escolha ideológica. -Sempre tive convicções de esquerda e não venho ao PCdoB por acaso, estamos construindo algo muito positivo para a cidade-, afirmou. Outra liderança que ingressou nas fileiras do Partido foi o advogado Eginaldo Honório, militante do movimento negro com longa trajetória e grande atuação no Clube 28 de Setembro, o terceiro clube social negro do Brasil. -Venho ao PCdoB com muita felicidade, estou bastante satisfeito em poder militar ao lado de pessoas que respeito muito-, disse.
*Cláudio Gonzalez, editor executivo da Princípios, esteve em Jundiaí nos dias 22 e 23/10/2015. Colaborou: Eliane Silva