Cultura
Edição 122 > Princípios festeja Jorge Amado
Princípios festeja Jorge Amado
Com arte, música, diversão, debate e literatura, bem ao gosto da alegria baiana engajada de Jorge Amado. Assim foi lançado o suplemento da revista Princípios dedicado aos 100 anos do escritor.

Um cavaquinho com a nobre voz do comunista Thobias da Vai Vai, seguido das rimas e da criatividade do Rapper Lews Barbosa e as cores e a interpretação do Grupo Ô de Casa deram o tom festivo do evento ocorrido em São Paulo na noite do último dia 6 de dezembro, no auditório da sede nacional do Partido Comunista do Brasil. As apresentações culturais foram precedidas de um instigante debate com estudiosos da obra do autor, e a noite terminou com um coquetel de confraternização.
O professor e doutor em Literatura, Jeosafá Fernandes Gonçalves, coordenou a mesa de debates, integrada por Marcos da Silva, professor da Universidade de São Paulo (USP); Fábio Wolf, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e Estudos de Linguagem, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); Susana Ventura, professora e pesquisadora das literaturas de língua portuguesa, e José Carlos Ruy, jornalista do Portal Vermelho e da Classe Operária.
Para o professor Jeosafá Fernandes, que ajudou na edição do suplemento, Jorge Amado soube, como ninguém, associar sua posição política e pessoal de comunista à sua arte. -Houve um momento em que ele se afastou dessa posição, mas em sua obra literária ele continuou mantendo a espinha dorsal desse projeto, sempre buscou destacar o protagonismo do povo, com a representação das classes pobres. E ele fez tudo isso por uma linguagem inteligível a todos, especialmente para os trabalhadores-, explicou Fernandes.
Jeosafá ainda destacou que -Jorge Amado fez parte de uma geração de escritores que rompeu com o paletó e gravata com os quais a literatura brasileira estava vestida. Ele foi e é o escritor da linguagem jornalística, clara, informal, ou seja, popular. E esse modelo era extremamente revolucionário, pois, naquele momento, escrever literatura significava escrever de maneira acadêmica, empolada e ininteligível-.
Adalberto Monteiro, editor da revista Princípios, lembrou que -a obra de Jorge Amado resiste ao tempo, é perene e se projeta para o futuro-. Para o dirigente, a literatura deste grande escritor conferiu ao povo brasileiro maior expressão e espaço. -A sua obra é um marco, e lançar este suplemento é reafirmar toda a contribuição desse grande artista para a cultura, as artes de forma geral e, também, para a política. E mais, quando dizemos que sua obra foi traduzida para mais de 50 países, significa dizer que sua obra contribuiu para difundir o modo de ser do brasileiro, a sua história, as suas lutas. E isso não irá parar-.
Da redação, colaborou Joanne Mota