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Brasil

Edição 122 > Entrevista com Nádia Campeão: São Paulo tem pressa

Entrevista com Nádia Campeão: São Paulo tem pressa

Cláudio Gonzalez
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A vice-prefeita eleita de São Paulo, Nádia Camepão, conversou com Princípios sobre as iniciativas que estão sendo planejadas para o começo da nova gestão, com projetos complexos sendo iniciados desde já, e avaliou positivamente o desempenho geral de seu partido, o PCdoB

Cumprir plenamente as propostas que compõem o plano de governo apresentado e debatido com a população durante a campanha eleitoral. Esse é o mantra da nossa gestão. A afirmação é da vice-prefeita eleita de São Paulo e presidente estadual do PCdoB, Nádia Campeão. Ela reservou um espaço na atribulada agenda deste período de transição de governo para uma conversa rápida com Princípios. Falou sobre as expectativas para esta fase inicial da gestão Haddad, que assumirá o comando da prefeitura em 1º de janeiro de 2013 e teceu comentários sobre o desempenho de seu partido, o PCdoB, nas eleições de outubro.

Com 54 anos e quase quatro décadas de militância política, Nádia demonstra uma disposição invejável para ajudar na administração da cidade mais importante da América Latina. Ao contrário de muitos vices que apenas -esquentam cadeira-, ela revela que será uma vice atuante. Não assumirá nenhuma secretaria ou função específica, mas já acertou com o prefeito eleito Fernando Haddad um sistema de trabalho que a manterá no centro das decisões administrativas da Prefeitura, sobretudo em projetos que envolvem a participação de diversas instâncias do poder público municipal. A preparação da Copa do Mundo de 2014 na cidade, por exemplo, é uma das ações nas quais a vice-prefeita poderá dar valiosa contribuição. Nádia foi secretária municipal de Esporte na gestão Marta Suplicy (2001-2004), além de pertencer ao partido que comanda o Ministério do Esporte desde 2003.

Agrônoma formada pela Esalq-USP, Nádia Campeão começou sua militância política na década de 1970 participando de movimentos sociais ligados à luta pela terra. Ajudou a construir o PCdoB no Maranhão, onde viveu por quase 10 anos, e desde o início da década de 1990 está em São Paulo. Atualmente, preside o Comitê Estadual do PCdoB paulista e é nesta condição que avalia como positivo o desempenho do partido nas últimas eleições. Segundo Nádia, mesmo tendo perdido uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo, o partido sai fortalecido do embate eleitoral, inclusive na capital, onde passa a ter, além da vice-prefeita, um secretário municipal (Netinho de Paula, titular da Secretaria de Igualdade Racial), um vereador (Orlando Silva, que assume a vaga de Netinho) e ainda mais um deputado estadual (Alcides Amazonas, suplente do deputado e agora prefeito eleito de Jundiaí, Pedro Bigardi).

Nádia também quer ser uma interlocutora da prefeitura com segmentos da sociedade. Tino político para isso não lhe faltará. Durante a campanha eleitoral ela ganhou fama de boa articuladora e, ao lado da primeira-dama, Ana Estela, ajudou a alavancar a participação feminina na disputa que garantiu a vitória de Haddad. O movimento de mulheres deposita na vice-prefeita esperança de maior visibilidade e apoio para sua agenda de reivindicações. Durante encontro recente com lideranças feministas, Nádia afirmou: -Temos muito que comemorar. Podemos melhorar o desempenho das mulheres na política. Faremos o que for possível para representar bem o nosso partido e também as mulheres. A mulher pode fazer muito bem e tem condições de combinar suas lutas pessoais com as políticas-.

Confira, a seguir, a íntegra da entrevista:

 

Princípios: Foi difícil fazer a campanha com o PCdoB participando de alguma forma da Prefeitura, através da Secretaria da Copa e ao mesmo tempo estando aliado a uma candidatura de oposição à atual gestão-

Nádia Campeão: Dificuldade relevante não, de nenhum tipo, mas houve questionamentos em uma ou outra entrevista por parte da imprensa, mas nem foram questões centrais. Nós explicamos que o PCdoB tinha assumido uma secretaria de certa forma extraor­dinária, especial, pois é voltada especificamente para a organização de um evento que tem data para terminar. E que é um evento que precisa da colaboração e do trabalho comum das diversas instâncias de governo, por cima das opções partidárias de quem governa o que, ou seja, municípios, cidades sedes, governos estaduais e o governo federal devem trabalhar de forma colaborativa, sob a liderança do governo federal, afinal a Copa é a Copa do Brasil. Vai ocorrer em várias regiões. Então foi um convite que o prefeito (Kassab) nos fez, num ambiente político de uma aproximação que estava se gestando do PSD com a base do governo Dilma. Isso criou pelo menos uma condição política básica para haver esta aproximação. Mas o que nos moveu foi, sobretudo, o desafio da Copa e foi deixado absolutamente claro que não haveria nenhum compromisso eleitoral de nenhuma das partes a não ser que fosse uma opção dos partidos. Isso foi respeitado pelo prefeito e por nós também e, além disso, não havia um compromisso com o conjunto da administração. Então, à medida que eu explicava isso nas entrevistas, ficava clara a nossa posição e nunca se criou nenhuma polêmica em torno dessa questão.

Qual a avaliação você faz da gestão Kassab-

O partido tem uma visão crítica bastante definida sobre o conjunto da atual administração. Achamos que foi uma gestão insuficiente em muitos aspectos. Nunca avaliamos se tratar de uma gestão desastrosa, não! Mas insuficiente. Então nossa crítica à atual gestão sempre foi respeitosa, dentro dos marcos do debate político. E isso tanto de minha parte quanto do Fernando Haddad. O que nos permitiu ter agora uma transição muito bem conduzida. A Prefeitura e o prefeito estão disponibilizando tudo que eles podem para facilitar esta transição. E de nossa parte também. Então isso revela que nós fizemos o debate nos meios políticos com tranquilidade.

 

Como você avalia o resultado eleitoral do PCdoB na capital-

NC: Eu acho que o partido saiu mais fortalecido, saiu maior. Mesmo perdendo uma vaga na Câmara Municipal. É preciso ver o processo como um todo. É claro que para isso foi muito importante a vitória que obtivemos com a eleição de Haddad, que possibilitou ao PCdoB ter a vice-prefeitura da cidade. Não fosse isso, a análise seria outra.

O resultado cria um contexto político diferente na cidade, mostra que a parceria que fizemos, a decisão que tomamos de abrir mão da candidatura do Netinho à Prefeitura, o lançamento de uma chapa própria de vereadores, a indicação da vice, embora isso não tenha sido condicionante para a aliança, tudo isso resultou num movimento político positivo, que avança. Então o PCdoB é parte deste movimento. Dentro disso, o objetivo mais focado que nós tínhamos de ampliar nossa bancada na Câmara infelizmente não foi alcançado. Mas elegemos o Netinho em chapa própria, com isso garantimos todas as suplências, o que já rendeu fruto agora. Com a indicação do Netinho para a Secretaria de Igualdade Racial, o Orlando assume a vaga do PCdoB na Câmara Municipal, um quadro político experiente, que vai fazer um excelente trabalho no legislativo. E estamos definindo nossa participação no governo e no projeto novo para São Paulo. Então, no conjunto, os resultados do processo eleitoral para o PCdoB foram muito positivos. Mas, nós temos um dever de casa: examinar por que não ampliamos nossa votação em relação aos resultados de quatro anos atrás. Isso tem que nos incomodar, é claro. Porém, isso tem que ser examinado com calma, precisamos identificar com precisão as causas e ver como estamos estruturando o partido na capital. Mas acho que isso não tem relação direta com o resultado político geral, que, como eu disse, é positivo. Para essa análise otimista conta também outro fato: com a eleição do nosso deputado Pedro Bigardi para a prefeitura de Jundiaí, o ex-vereador do PCdoB, Alcides Amazonas, assume a cadeira do Bigardi na Assembleia Legislativa. E a campanha do Amazonas em 2010 foi concentrada na capital. Então, o PCdoB da capital ganhou mais um deputado, que vai atuar ao lado da nossa já deputada Leci Brandão. Isso é também fruto da decisão correta de termos chapa própria para o legislativo estadual. Isso fortalece o partido. Nem sempre um revés compromete o resultado como um todo. Neste caso (da votação para vereador) não comprometeu. Mas, como eu disse, é preciso avaliar o porquê isso ocorreu, por que nós diminuímos a bancada e estagnamos a votação.

 

Durante a campanha, muitos boatos surgiram a respeito de supostos atritos entre o partido e a equipe do Haddad. O que havia por trás destes boatos-

NC: Eu acho que teve isso em alguns órgãos de imprensa num certo momento da campanha, que foi em meados de agosto, mas foram só boatos mesmo, não houve maiores desdobramentos. No geral, a relação dos partidos, inclusive do nosso partido, com a coordenação da campanha foi muito boa. Nós tivemos uma coordenação tranquila, os partidos se reuniam toda semana, foi uma coordenação que realmente definiu os rumos da campanha. Julgo ter sido uma experiência boa. Num certo momento da campanha, nós tivemos uma tensão um pouco maior, tensão própria da dificuldade de se realizar uma campanha numa cidade com o tamanho e a complexidade de São Paulo, uma campanha que exige muitos recursos e é cada vez mais difícil consegui-los, mas isso foi aos poucos sendo enfrentado, superado, na base do bom entendimento político, que foi o que predominou.

 

Em relação à suas tarefas como vice-prefeita, há alguma possibilidade de assumir funções específicas, em alguma secretaria, ou vai apenas manter a rotina comum da função-

NC: Vou exercer a função de vice-prefeita assumindo tarefas de governo que forem acordadas com o prefeito e com nosso núcleo de governo. Não devo assumir funções específicas à frente de uma secretaria. São Paulo é uma capital muito grande, manter um acompanhamento geral do que ocorre no governo é um grande desafio, exige um olhar que enxergue além das visões setoriais, e nós temos que dar conta de uma série de movimentos, situações, projetos de nossa gestão que vão necessitar de quadros que possam liderar esses processos. Diante disso, o entendimento a que se chegou, com o qual estou de pleno acordo, é que eu, usufruindo da autoridade de vice-prefeita, que é um cargo eletivo, possa coordenar alguns projetos intersecretariais. Assim, eu atuaria em algumas questões que envolvem a participação de várias secretarias e que precisam de um centro coordenador. E fico à disposição para outras iniciativas que sejam necessárias, além de manter um canal sempre aberto para segmentos da sociedade que precisam ter contato com o governo e, às vezes, esse contato não se basta na instância de uma secretaria ou numa subprefeitura.

Então é isso: as demandas da administração municipal são muito grandes e é uma preocupação do prefeito que ninguém fique sobrecarregado de tarefas, que a gente possa dividir responsabilidades. Nesse sentido, minha função seria a de uma vice com tarefas, vamos dizer assim.

 

Quais as prioridades para o começo de gestão-

NC: É preparar as condições necessárias para se desenvolver todos os principais compromissos da campanha. Isso é um mantra no governo. Nós vamos cumprir tudo aquilo que dissemos que era importante fazer. Nosso programa é realmente o condutor do que nós vamos fazer na gestão, com uma ou outra adaptação, porque isso é normal, mas o programa de governo já foi pensado em cima da realidade da cidade, portanto não vai haver um corte, não vai ter essa história de propor uma coisa na campanha e fazer outra depois. Então esse é o nosso norte.

Temos quatro anos para realizar o que foi prometido, mas sabemos que muitos projetos só vão se concretizar se começarmos a prepará-los desde já. É preciso colocá-los nos trilhos logo no primeiro ano de governo, senão depois fica mais difícil.

 

Poderia dar um exemplo-

NC: Pretendemos construir um grande número de creches para enfrentar o déficit de vagas que existe na cidade, e para isso tem que começar a procurar os terrenos agora. Só as que serão erguidas com recursos do governo federal são 172. Portanto, são 172 projetos para elaborar, áreas que precisam ser definidas. O mesmo raciocínio vale para os três hospitais que iremos construir. Outro exemplo: a implantação do bilhete único mensal. Estamos já fazendo os cálculos, a planilhagem. Então no começo vai ser preparar o plano de metas que, por lei, tem 90 dias para ser apresentado. Então vai haver uma grande concentração no planejamento, na apresentação do plano de metas e já colocar estas propostas em fase de desdobramento. Isso é o que vai acontecer nos primeiros meses da gestão. Ao lado disso, claro, devemos fazer frente às exigências do cotidiano da administração. Nós sabemos que o começo do ano é um período de chuvas fortes e isso em São Paulo é sempre preocupante, então precisamos cuidar para que não haja problemas. Queremos realizar um bom carnaval em São Paulo, garantir que o início das aulas nas escolas municipais transcorra sem problemas... Então há uma série de questões imediatas para serem tratadas. Mas como eu disse, ao lado delas, vamos colocar nos trilhos desde já nosso plano mais geral de governo.

 

*Cláudio Gonzalez, editor-executivo da Princípios, entrevistou Nádia Campeão no escritório do governo de transição, no prédio da Caixa Cultural - São Paulo, na Praça da Sé, em 29 de novembro de 2012

 

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