Especial China
Edição 104 > A Revolução Chinesa e o “admirável mundo novo”
A Revolução Chinesa e o “admirável mundo novo”
O processo revolucionário chinês iniciado em 1839, vitorioso em 1949 e renovado em 1978,?é fator destacado das mudanças que podem levar à formação de um mundo multipolar

O momento é muito propício para inúmeras formas de análise e avaliação. Afinal, são 60 anos da maior revolução social do século XX, filha e neta dos maiores acontecimentos da era contemporânea, as revoluções Francesa (1789) e Russa (1917). Um mundo novo se descortinou, e se descortina, como consequência deste acontecimento.
Logo, entre outras questões, selecionemos duas em especial: qual mundo se molda no entrelace do processo histórico iniciado com as rebeliões camponesas de 1839, continuado e motor de arranque da Revolução Nacional/Popular de 1949 e da política de Reforma e Abertura atualmente em andamento na China? Sendo a busca por um mundo multipolar um dos esteios do atual estágio de acúmulo estratégico de forças, qual o papel cumprido pela China nesta contenda?
É o que tentaremos, em miúdas palavras, discutir neste espaço.
O socialismo como necessidade civilizacional
Analisar as possibilidades da multilpolaridade e o papel do desenvolvimento da Revolução Chinesa neste processo demanda deixarmos de lado os limites da “periodização” em detrimento de uma ampla visão de processo histórico. Visão esta que, ao pressupor a análise de um fenômeno como fenômeno histórico, nos capacite a compreender o mundo atual – e a China – sob parâmetros conjunturais ou mesmo criados há quase 200 anos. Entre eles, cabe destacar:
1) O surgimento do imperialismo e a transformação do desenvolvimento desigual e combinado em lei econômica objetiva do capitalismo, elevando a lógica do “chão da fábrica” ao nível internacional;
2) a abertura de um novo ciclo histórico (BRAUDEL, F.: Afterthoughts on Material Civilization and Capitalism) com a Revolução Russa de 1917, ciclo histórico este longe de ter demonstrado seus limites, conforme os êxitos do socialismo com características chinesas vão demonstrando; e
3) a transformação da Ásia no campo de excelência das maiores atrocidades imputadas pelo imperialismo no século XX, e onde a luta entre capitalismo e socialismo deu-se de forma mais sangrenta (MAMIGONIAN, A.: Capitalismo e Socialismo em fins do século XX).
A Revolução Chinesa, expressão moderna de milenares revoltas camponesas, é produto direto das novas formas de dominação adquiridas pelo capital na segunda metade do século XIX. Vale lembrar que esse país, por sua extensão territorial, posição estratégica (corredor entre a Ásia e a Europa, “Rota da Seda”) e recursos naturais tornou-se o “banquete” mais disputado pelas grandes potências, sendo, inclusive, palco de uma infame guerra impetrada pela Inglaterra em prol da legalização do tráfico de drogas. A lógica da lei do desenvolvimento desigual e combinado transformou a nação mais desenvolvida do mundo – com 40% do PIB concentrados em seu território (final do século XVII) – no mais pobre país do mundo em 1949. Desta forma, faz-se necessário compreender o próprio socialismo como o caminho forçoso e necessário à quebra do ciclo destruidor desta citada lei de desenvolvimento.
Abrindo parêntese, ao analisarmos a essência da obra de Friedrich Engels nomeada como A origem da família, da propriedade privada e do Estado, perceberemos claramente que sua proposta objetivou construir um esquema por onde se assenta a evolução geral da sociedade – desde a comuna primitiva à atual sociedade capitalista. Partindo deste caminho, Engels demonstra que o caminho da humanidade no rumo da civilização passa, necessariamente, pela completa transição entre o trabalho escravo, o trabalho servil até o trabalho assalariado. O trabalho assalariado (capitalismo) seria a expressão limite, dado seu caráter social, tanto da civilização, quanto da pré-história da humanidade.
Logo, relacionando esta assertiva de Engels com a ênfase chinesa em torno de uma estratégia socializante faz sentido citar e analisar uma frase célebre de Mao Tsetung que, percebendo a extensão da crise agrária chinesa (por conta do acoplamento de sua incipiente indústria aos mercados e interesses japoneses), concluiu: “somente o socialismo poderá salvar a China”. A história recente tem tratado de corroborar essa tese. Afinal, o próprio desenvolvimento integral do capitalismo fora negado à China. Eis o sentido nodal do socialismo em formações sociais periféricas: a impossibilidade de surgir diferentes “Bismarcks” pela periferia do sistema transformou em necessidade histórica e civilizacional a emersão na cena política de figuras como Lênin, Mao, Ho Chi Minh, Kim Il Sung, Fidel Castro e, inclusive, João Amazonas.
A Revolução Chinesa e a bipolaridade
Após vencer uma guerra civil e anti-imperialista que durou mais de 20 anos, demonstrando tanto as potencialidades quanto as fragilidades teóricas da III Internacional, não seria plausível a subordinação automática da política externa chinesa – de uma nação milenar criadora de filosofias inatas e de um dinâmico Estado anterior a Cristo – aos desígnios de outra potência. Ademais, o isolamento internacional imposto ao país, entre a década de 1950 e 1970, moldou – em demasia – a política interna chinesa. Vejamos.
A Revolução Chinesa, antes mesmo de ter alterado qualitativamente a correlação de forças na luta de classes em âmbito mundial, foi fruto de uma acertada estratégia política baseada numa frente ampla anti-imperialista e antifeudal hegemonizada pelo Partido Comunista da China (PCCh), logo, abarcando um amplo leque de classes sociais, entre elas o proletariado, os camponeses, a pequena burguesia e a burguesia nacional. A própria bandeira nacional chinesa simboliza essa união de quatro classes centrada na liderança do PCCh. Pois bem, o chamado Programa da Nova Democracia (1945) expressava essa união, comprometendo-se a proteger a pequena e a média propriedade privada, além da institucionalização do comércio de excedentes agrícolas. Programa, diga-se de passagem, semelhante ao aplicado desde 1978 no país.
De forma semelhante ao estrangulamento da NEP na década de 1920 na URSS, o Programa da Nova Democracia fora devidamente proscrito não pela “brutalidade” de Mao Tsetung, mas principalmente pelo ambiente hostil criado e expressado tanto pela Guerra da Coreia, quanto pelas barbaridades imputadas pelo imperialismo na Península da Indochina. Além de guerras de pilhagem, o desenvolvimento japonês, coreano e a transformação de Taiwan numa extensão do território norte-americano demonstraram uma viragem de rumos e objetivos do imperialismo na região. A China e a quebra da lógica de “efeito dominó” em que poderia se transformar a Ásia após o pipocamento de revoltas comunistas levaram os EUA a construir nos países citados “espelhos” de uma exuberância capitalista sob as hostes da abertura do mercado norte-americano a produtos japoneses, coreanos e de Taiwan. Uma arma de proa no objetivo de demonstrar a “superioridade” do capitalismo sob o socialismo.
A industrialização e a modernização do país foram condicionadas por esta conjuntura. Conjuntura que se tornou mais problemática na medida em que as relações com a URSS, após o XX Congresso do PCUS em 1956, se deterioram a ponto de Kruschev determinar a retirada (da China) de especialistas, técnicos e linhas de financiamento soviéticos no início da década de 1960. Acreditamos que uma das causas por detrás de trágicas experimentações como o Grande Salto e a própria Revolução Cultural reside nos problemas advindos com a suspensão da assistência soviética. Porém, com todos os problemas em matéria de prática e em matéria de política econômica, a China se impunha ao mundo com um crescimento médio anual, entre 1952 e 1978, de 6,5%, construindo – assim – as bases produtivas ao salto qualitativo pós-1978, completando – em apenas – em 25 anos todas as etapas inerentes à 1ª Revolução Industrial (indústria de base, setores petroquímicos e química fina). Não é de somenos que esta nação – enfrentando todos os óbices possíveis – ainda pôde em 1964 testar sua própria versão da Bomba de Hidrogênio, e no ano de 1970 surpreender o mundo com o lançamento de satélites de observação ao espaço.
A China pôde somente ter acesso a um assento permanente na ONU a partir de 1971. Esta conquista somente foi possível nos marcos da ocupação de espaços deixados pela URSS, que passou a se preocupar em demasia com entendimentos que levassem a uma dètente para com os EUA. Entre outros estilhaços, essa estratégia soviética refletiu-se tanto num aumento do isolamento internacional chinês, quanto dialeticamente possibilitou a abertura de um amplo relevo de ação política, militar e diplomática chinesa pelo Terceiro Mundo.
Estratégia esta que se lastreava, por um lado, pela consolidação territorial do país após esquartejamento sofrido por mais de um século e, por outro, na cada vez mais evidente superioridade moral do socialismo ante o capitalismo.
Assim se conforma o grande papel cumprido pela China na – e na atualidade – conformação de um mundo onde nações independentes politicamente pudessem conviver em pé de igualdade com outras mais ricas e poderosas. Não é de estranhar, independente das contradições anexas ao processo, a grande recepção do povo africano à presença chinesa, que – atualmente – tem demonstrado ao mundo a possibilidade de relações comerciais e de cooperação que vão muito além dos empréstimos condicionalizados imputados por agências financeiras gerenciadas pelo imperialismo pós-Bretton Woods.
A Revolução Chinesa e a multipolaridade
O que significa a multipolaridade e qual o papel atual da Revolução Chinesa neste processo?
Em primeiro lugar, a tendência à multipolaridade está longe de ser algo elaborado por alguma fundação mantida pelo Partido Democrata norte-americano. E mais, e longe disto: se nos ampararmos numa visão de classe social concluiremos que a tendência à multipolaridade deve ser encarada como parte de um conjunto que envolve um acúmulo estratégico de forças à consecução do socialismo em um mundo ainda marcado pela ampla dominação econômica, política, militar e ideológica do imperialismo norte-americano. Daí o papel estratégico cumprido pela China e seu Príncipe Moderno, o PCCh.
Mas, voltemos a mirar nas internalidades do recente processo histórico chinês.
A atual política de Reforma e Abertura executada a partir de 1978 pelo veterano da Longa Marcha, Deng Xiaoping, e continuada por competentes herdeiros e continuadores da obra de Mao Tsetung, foi expressão do reconhecimento, por parte dos chineses, de uma dura realidade interna e externa.
No final da década de 1970, a decadência do fordismo, acompanhada pelo surgimento de um novo paradigma tecnológico no Japão, expunha, na expressão de Leonid Brejnev, o socialismo realmente existente à dura prova de seus próprios limites: a decadência desta forma de produção em série levava de roldão seus “clones” ao outro lado do Muro de Berlim. Além disso, o Leste asiático havia se transformado no ponto mais dinâmico do capitalismo internacional, inviabilizando assim – dadas as disparidades de renda e riqueza – qualquer sonho mais ideologizado de reunificação chinesa pela reincorporação de Hong-Kong, Macau e Taiwan.
A chegada de Reagan ao poder em 1980 indicava (e indicou) a radicalização da luta de classes no mundo. Radicalização marcada pela utilização de novas formas de estrangulamento financeiro ao socialismo, variando desde o desafio à URSS, sob a forma de Guerra nas Estrelas, até as claras evidências da “Crise da Dívida” sobre os “países rebeldes” do mundo socialista, notadamente Polônia, Hungria e Iugoslávia (RANGEL, I.: A Polônia e o Ciclo Longo). O colapso do socialismo e a unipolaridade estavam na ordem quase natural das coisas, num retrocesso cuja substituição, no Kremlin, da bandeira vermelha pela bandeira do czar simbolizou uma apostasia civilizacional sem tamanho, sentida até os dias atuais.
Internamente, recém-saída dos ventos taoístas da Revolução Cultural e o reconhecimento da quebra do pacto de poder de 1949 (LOSURDO, D.: Fuga da História?), levaram o país a um impasse: ou transferia energias à construção econômica ou teria um fim trágico. Desta forma, a institucionalização de medidas pró-comércio rural transformou-se no primeiro passo à indigenização do Estado Desenvolvimentista de tipo asiático e casamento deste mesmo Estado Desenvolvimentista com o Estado Revolucionário fundado há 60 anos atrás (CASTELLS, M.: Fim de Milênio).
Além disso, trabalhando com uma conjuntura em que se tornava impossível uma 3ª Guerra Mundial envolvendo o socialismo e o capitalismo, e dadas as condições internas não propícias ao acúmulo de capital e tecnologia indispensáveis ao projeto modernizador, as instalações de plataformas de exportação de tipo Zonas Econômicas Especiais (ZEE`s) abriram campo geopolítico possibilitador, tanto de uma reunificação nacional (Um país, dois sistemas), quanto de reserva de forças a serem acumuladas ante um imediato e sombrio cenário contrarrevolucionário. Importante abrir parêntese no sentido de expor que a China foi – em grande escala – o primeiro país socialista a quebrar o cerco comercial imposto pelo imperialismo ao mundo socialista. Mundo socialista este que até então restringia seu campo de ação comercial às fronteiras do COMECON. Neste sentido a reaproximação entre China e EUA, em 1971, pode ser destacada como um dos grandes feitos geopolíticos de Mao Tsetung, herdado pelas gerações dirigentes que os seguiram.
Retornando ao futuro cenário contrarrevolucionário. Cenário este aberto no final década de 1980, que teve efeitos na China, síntese na tentativa de desbaratamento da superestrutura comunista nos marcos dos trágicos acontecimentos da contrarrevolução de Tiananmen em junho de 1989. Isso sem falarmos da primeira Guerra do Golfo, cujo objetivo estratégico residia, também, na intimidação à ainda existente URSS, dada a fronteira entre a mesma e o Iraque.
Porém, a apostasia vivida pela humanidade continha em seu núcleo sua própria negação no fato de enquanto o mundo periférico passava por um processo de africanização, a China retirava da linha da pobreza centenas de milhares de pessoas. Não somente isso, as raízes da multipolaridade germinam numa unidade de contrários, em que um país que advoga o socialismo torna-se o principal financiador dos déficits gêmeos de seu próprio concorrente estratégico, o imperialismo norte-americano.
Multipolaridade e poderio financeiro chinês
Podemos afirmar com inaudita segurança que o processo iniciado em 1839, vitorioso em 1949 e renovado em 1978, é o principal fautor ao atual processo de acumulação estratégica de forças sintetizada tanto no que nós, comunistas brasileiros, denominamos de Nova Luta Pelo Socialismo, quanto na formação de um mundo multipolar.
A edificação de um poder de novo tipo, combinada com o planejamento econômico, ao controle flexível sobre os instrumentos cruciais do processo de acumulação e à propriedade social dos meios estratégicos de produção e ao planejamento do comércio exterior, possibilitou à China se transformar numa verdadeira potência financeira, capaz de manter a liquidez do crédito internacional em meio à atual crise financeira internacional. É sobre esse poderio financeiro que repousa o lastro econômico à multipolaridade e a manutenção de um ambiente minimamente favorável à paz no mundo.
Faz reviver a profecia leniniana de um desfecho da luta de classes no âmbito internacional a partir da competição econômica entre o socialismo e o capitalismo, deixando – desta forma, dada a crescente dependência econômica do imperialismo para com a China – proscrita a ameaça militar ao nouvel sistema social, mais frágil ante um capitalismo agressivo e militarista.
Este poderio financeiro – que serve de tabula ao enfrentamento das contradições inerentes ao processo residente no contato entre as leis econômicas objetivas de sua própria formação social com as leis econômicas da diferentes formações sociais – é o mesmo com grande serventia à atualidade e que comprova os prognósticos de Deng Xiaoping, para quem “o desenvolvimento chinês seria uma grande contribuição à humanidade, jogando papel e servindo de inspiração para que os povos do Terceiro Mundo possam libertar-se das raias da miséria e o subdesenvolvimento”.
A libertação do Terceiro Mundo do atraso e da miséria, eis uma das grandes expressões da hodierna multipolaridade sintetizada na desmoralização do G-8, do FMI e do Banco Mundial em detrimento de um G-20 forte e cada vez mais centrado numa China socialista que se desenvolve e coloca em xeque os parâmetros financeiros nascidos nos estertores de Bretton Woods.
Eis a base objetiva, criada pela gloriosa Revolução Nacional/Popular de 1949. Eis a base objetiva da multipolaridade e da renovação de esperanças de um novo ciclo civilizacional aberto com a Revolução Russa de 1917.
A Revolução Chinesa fez e faz reanimar nosso compromisso pelo descortinamento de um chamado e aclamado “admirável mundo novo”.
Eis, a nosso ver, o sentido atual da Revolução Chinesa e das reflexões em torno de seu 60º aniversário.
Elias Jabbour é geógrafo, membro da Comissão Editorial de Princípios e pesquisador da Fundação Maurício Grabois.
A China em númerosÉ inegável – 60 anos após a Revolução Nacional/Popular – o progresso do país. Por exemplo, em 1949 havia 92% de analfabetos no país. Hoje, 98,1% das crianças entre 7 e 14 anos de idade estão na escola. Interessante apontar que no país que mais produz riquezas no mundo este índice não chega a 95%. No início dos anos 1950, a República Popular não produzia nem um milhão de toneladas de aço – número que alcançou os 660 milhões em 2008. Em 1945, o gigante asiático detinha o título de “país mais pobre do mundo”, hoje é a quarta maior economia do planeta, e entre 1949 e 2008 sua média de crescimento econômico foi de 7,5%.
Ao final da década de 1940, a China não produzia nem 40 milhões de toneladas de grãos. Porém, com apenas 5% das terras agricultáveis do mundo, atualmente ela desponta entre os quatro maiores produtores de grãos de mundo, produzindo – em 2008 – 510 milhões de toneladas de cereais. A expectativa de vida em 1949 era de apenas 36,5 anos e em 2008 chegou a 76. Campeã mundial de combate à pobreza, em 1978, segundo dados do Banco Mundial, havia cerca de 410 milhões de chineses vivendo abaixo da linha da pobreza, caindo, em 2007, para 53,7 milhões.
Mas os avanços não assombram somente se compararmos o interregno dos últimos 60 anos. Por exemplo, segundo apontou relatório ministerial que inclui dados do desenvolvimento do sistema de saúde chinês entre 2003 e 2007, a mortalidade infantil caiu para 1,53% em 2007, contra 2,55% de 2003. Em 2002, haviam registrados 1403 centros de ensino superior, chegando a 2023 no ano de 2007.
Por outro lado, a China convive com as chamadas “contradições do processo”, síntese da imensa pressão de sua enorme população sobre os recursos naturais. Por exemplo, 70% das águas subterrâneas do país estão contaminados. Dezesseis das 20 cidades mais poluídas do mundo localizam-se na China que, por sua vez, ocupa o segundo posto em emissão de dióxido de carbono (apesar de sua emissão per capita ainda ser muito baixa), e o primeiro na emissão de clorofluorebunetos e de dióxido sulfúrico por superfície habitada.
Outra constatação reside no aumento do nível das desigualdades sociais, apesar do grande fenômeno da inclusão. Por exemplo, se tomarmos o coeficiente 20/20 (parte da renda nacional dos 20% mais ricos e 20% mais pobres) perceberemos que o mesmo aumentou de 6,5 em 1990 para 10,6 em 2001. Este dado se confirma se partirmos das bases de cálculo do índice de Gini (10/10): entre 1999 e 2001 os 10% mais ricos passaram a deter de 24,6% para 33,1% da renda nacional.
Enfim, o processo se encaminha a grande contento. A China atualmente impõe-se ao mundo, de forma que a grandeza de suas façanhas nacionais e sociais constitua-se num grande “véu moral” do regime. Porém, os problemas persistem sobre diferentes formas. É assim a vida, o processo de desenvolvimento, e é para isso que existe um Partido Comunista tocando os cordéis da nação.
Elias Jabbour