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Resenhas

Edição 102 > A teoria da evolução apresentada pelo maior evolucionista do século XX

A teoria da evolução apresentada pelo maior evolucionista do século XX

José Carlos Ruy
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Ernst Mayr
O que é a evolução? 
Rio de Janeiro, Rocco, 2009

A Terra tem 4,6 bilhões de anos. As primeiras formas de vida, bacterianas, surgiram há uns 3,6 bilhões de anos; mais tarde, há uns 540 milhões de anos, foi a vez dos primeiros organismos multicelulares. O homem é um recém-chegado; seus primeiros ancestrais apareceram há mais ou menos 1,8 milhão de anos, e o homem moderno começou a surgir “ontem”, há uns 300 mil anos. E faz menos, muito menos, tempo ainda que os cientistas começaram a penetrar nos segredos mais escondidos dessa trajetória. O marco principal foi a publicação, em 1859 – há 150 anos, portanto – de A Origem das Espécies, o livro de Charles Darwin que deu estatuto científico ao evolucionismo e ajudou a destruir velhas crenças segundo as quais os seres vivos teriam sido criados por Deus, todos ao mesmo tempo, nada mudando através dos tempos, mas permanecendo iguais ao momento em que teriam sido criados.

A longa trajetória da vida e o duro embate enfrentado pelo evolucionismo são dois temas abordados em O que é a evolução?, de Ernst Mayr, que acaba de ser publicado no Brasil (embora tenha saído, nos EUA, em 2001).

O alemão Mayr foi considerado o maior evolucionista de nosso tempo; ele deixou de viver em 2005 com cem anos de idade. Morava nos EUA desde 1932, onde foi professor em Harvard a partir de 1953.

Em 1942 ele publicou um livro de impacto tamanho que justificou a criação de uma nova designação para a teoria da evolução: neodarwinismo. Trata-se de Systematics and the Origin of Species (Sistemática e a Origem das Espécies) – e ajudou a resolver alguns problemas pendentes da teoria da evolução. Ele fez parte do grupo de biólogos que, em meados do século XX, renovou a teoria da evolução, tirando-a da confusão iniciada pelo próprio Darwin que, nas últimas edições de A Origem das Espécies, apresentou a seleção natural como o único mecanismo da evolução e chegou a compartilhar a ideia, ultrapassada e jamais comprovada, da hereditariedade dos caracteres adquiridos.

O que é a evolução? é seu penúltimo livro, publicado quando tinha 96 anos de idade! Contém um relato sucinto da trajetória da teoria da evolução e dos problemas contemporâneos enfrentados por ela. A biologia não pode ser comparável à física, assegura. “Do ponto de vista da ciência, a existência da evolução significava que o mundo não podia mais ser considerado meramente como palco de atividades das leis físicas; precisava incorporar a história e, ainda mais importante, as mudanças sofridas pelos seres vivos ao longo do tempo”.

Mas também não pode ser reduzida aos dogmas religiosos. Ele pergunta: por que as ideias de Dar-win demoraram tanto a ser aceitas? A resistência, diz, “deveu-se à influência de certas ideias filosóficas defendidas por quase todos os oponentes de Darwin. A crença irrestrita na verdade literal de cada palavra da Bíblia foi uma delas”.

Ele enfrenta também algumas questões extremamente atuais, como a do meio ambiente, tratada num item intitulado “A biosfera e o progresso evolutivo”. O ambiente na Terra não tem sido constante, diz ele, contrapondo-se às crenças na existência de um equilíbrio ecológico inerente ao planeta.

Enfrenta também o problema da diversidade humana, e exibe, neste ponto, um exemplo da tese dialética da igualdade na diversidade. Não há raças humanas e os homens são iguais, diz. Mas, explica, “igualdade quer dizer igualdade cívica. Significa igualdade de oportunidades e perante a lei, mas não há uma identidade total, pois sabemos hoje que, dos seis bilhões de serem humanos que habitam a Terra, não existem dois que possuam o mesmo genoma”. Por isso, é também preciso admitir “honestamente a diferença”, diz, acusando os racistas de tipologistas por supor que “os membros de uma raça possuem todas as características, reais e imaginárias, daquela raça”.

Conservador, Mayr enfatizava porém a diferença e chegou a pensar que se os filósofos iluministas do século XVIII pudessem conhecer a biologia evolucionista, eles jamais teriam desenvolvido a concepção, para ele errônea, da democracia e da igualdade entre os homens. Coerentemente, foi membro do comitê patrocinador da revista Nouvelle Ecole, da nova direita francesa.

José Carlos Ruy é jornalista, editor do jornal A Classe Operária e membro da Comissão Editorial de Princípios
 

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